Freedom: June 2005

Thursday, June 30, 2005

instant happiness

se queres ser feliz por um instante, basta juntar água á seguinte frase

acabei o curso.

Wednesday, June 29, 2005

nunca

amigo
nunca te pedi nada
mas hoje
algo em mim surrura
devagar...

e peço-te:
nunca me mintas

Monday, June 27, 2005

tu és assim -- II

"por ti sinto amor platónico, que nem platão imaginou..." - por ti sinto amor porque contigo construo. a nossa cena depende de ti e de mim, e é por isso que por ti (e só por ti!) cada dia sou melhor, cada dia encontro novas formas de te dar. completas-me, talvez exactamente por tu própria seres tão completa.

gosto de bossanova. através dela, mostráste-me docura e simplicidade compiladas numa leveza que me relaxa os sentidos. o seu ritmo compassado faz-me sentir cheiros do mar e da selva, faz-me saborear frutas tropicais. joão gilberto tem razão '' isso é bossanova, isso é muito natural".

gosto de rock and roll. ensinou-me sobre a paixão dos jovens por ti, musica. as guitarras ganham vida para nos transmitir com a veemência própria da juventude, umas vezes amor com as suas baladas, outras vezes revolta - como o punkrock, cujo espírito é rebelde mas não violento, criticando a sociedade de hoje de maneira magistral. move-me ao som da sua bateria veloz, riffs energéticos, linhas de baixo e vozes muitas vezes melódicas mas emotivas.

gosto de música do mundo. a diversidade dos instrumentos, a vareidade dos seus ritmos, as palavras indecifráveis fazem-me sentir numa incansável viagem. levas-me ao leste europeu ao ritmo de metais ciganos. exploro áfrica envolta numa morna, ao som de uma kora ou deleitando-me com o african blues. repiro no caribe, medito na india, caminho em florestas celtas.

gosto de jazz. deleitas-me com a suavidade do saxofone, acordas-me com a energia do trompete, deslumbras-me com a versatilidade do piano, moves-me com o sublime contrabaixo, surpreendes-me com a sensualidade da percussão. ensináste-me o valor da experimentação, mostráste-me a beleza do improviso - deste-me a conhecer a blue note, essa excepção á regra, essa nota fora da escala com a qual me identifico, e que imprime em ti a perfeição num caos ordenado.

gosto de hip-hop. através dele, despertas o meu lado mais urbano, que eu julgava ser inexistente. és palavras cortantes (como eu gosto !), és poesia de cidade (contas-me as suas histórias, criticas a sociedade citadina), és reutilização e transformação de sons, és beats, scratches, instrumentos, rimas. a tua versatilidade espanta-me, quando decides inovar encantas-me ainda mais. porque o teu som misturado com outros estilos simplesmente sai bem. gosto de hip-hop em português. '' rimo na língua dum povo / dum povo que é poeta / eu rimo em português / que é uma língua completa" (mc xeg) - vivo-te com intensidade. tu desenvolveste um forte e especial carácter dentro deste cenário improvável...és diferente

to be continued... (que agora devo voltar ás folhas do meu caderno)

para ouvir: foxy brown - oh yeah!
quote of the day : "a man's mind, stretched by a new idea, can never go back to its original dimension." --Oliver Wendell Holmes

Sunday, June 26, 2005

tu és assim

sabes... és para mim como o oceano - és uma segunda casa, em ti sinto-me bem (talvez sejas a primeira...), ajudas-me a apurar os sentimentos (que em mim são sempre em bruto...), incentivas-me a travar a minha luta pela liberdade (sim, eu luto por ela!) e, claro, estás em constante mutação (também tens ondas, como o mar...)
acima de tudo, como o oceano, fazes-me sentir bem... se calhar por te amar tanto (como a ele)

tu encantas-me através das diversas formas que assumes, deslumbras-me com o variar dos teus estilos, surpreendes-me e ensinas-me com as tuas sábias palavras, confundes-me (mas convences-me!) com as tuas controversas opiniões.

tu és o símbolo da diversidade, não conheces preconceitos nem barreiras. tu encontras caminho mesmo nos cenários mais improváveis, tu és pura expressão do que te apetecer exprimir. tu és uma mente elevada, aberta, esclarecida! e é por isso que és a liberdade personificada.

tu unes as pessoas com as tuas causas e com as tuas razões, tu moves multidões através da tua simples e pessoal existência. as tuas ideias mudáram o mundo... tu és maior do que a própria vida, e é por isso que és o amor metamorfoseado.

tu hás-de acompanhar-me até ao fim dos meus dias, porque tu gostas de mim como eu sou, e eu de ti como és...

chamas-te música.

para ouvir: Fiona Apple - get gone
Quote of the day: "The most beautiful music of all is the music of what happens." -- Irish proverb

Thursday, June 23, 2005

aparece

esta noite polvilhaste os meus sonhos. (seriam sonhos?) ...apareceste e desapareceste tantas vezes que lhes perdi a conta. ora sorrias, ora berravas de desespero. ora conversavas comigo eternamente, ora me viravas as tuas costas frias, curvas. no meu sonho amáste-me e odiáste-me, e agora que acordei já não sei distinguir entre o que foi sonho e o que é real!

abri os olhos e pensei que era manhã, levantei-me e julguei que estava no meu quarto. vivi o dia como pude - e como não posso grande coisa, sobrevivi apenas...- mas agora a noite caiu e eu estou com medo de ir dormir. porque quando os meus olhos se fecharem, não saberei se estou a adormecer, ou por outra a acordar.

...e tenho medo de te ver, e tenho medo do que vou sentir, e tenho medo do que possas fazer com o meu coração cansado. pior que isso - tenho medo de não saber se estou a viver ou a sonhar! não consigo alcançar a minha vida, mas quero-a mais que tudo! tenha ela que forma tiver... é melhor que a merda dos sonhos, que são só ilusão. (serão?)

se te vir hoje á noite talvez seja sonho, porque para mim não passas disso. mas mesmo ontem estive ao teu lado quando me julgava acordada... serás tu sonho e realidade?

ou serás só sonho,

ou apenas realidade?

para ouvir: k's choice - only dreaming
quote of the day: "don't let your dreams be dreams"

Wednesday, June 22, 2005

só

a solidão não me incomoda. sempre me senti bem a sós comigo mesma. tenho muitas e boa memórias de momentos só meus, em que me fundi em mim e encontrei paz, em que conversei comigo própria e fui entendida.
e por tantas vezes passeei e cantei só, e li e escrevi sozinha... sim, tantas vezes que me pus a recordar o passado, que ri ás gargalhadas comigo mesma...!
a solidão era um bálsamo, a solidão renovava-me, a solidão chegava naturalmente e eu apreciava cada momento que passávamos juntas...
mas hoje não mais é assim. hoje tu acabaste com isso, porque não me deixas só. hoje estás ao meu lado mesmo quando me julgo sozinha. hoje tu apareces sem eu te convidar, hoje tu insistes em estar sempre presente...hoje cá estás tu, julgando ser boa companhia, pondo-te no meu caminho da paz, da liberdade.
roubaste-me os momentos de solidão que eram o arquétipo da beleza e da perfeição! quem pensas tu ser para aqui chegares e alojares-te ao meu lado a consumir a minha vida? Julgas-te parte de mim, julgas que te quero sequer algum bem? pois bem, deixa-me em paz, que eu dispenso a tua presença...!
sai daqui e deixa-me redescobrir a beleza da minha solidão, a tranquilidade de estar a sós comigo mesma...ainda não percebeste que a tua vontade de estar comigo não é correspondida?

vai-te embora, tristeza...

para ouvir: tricky - overcome

Tuesday, June 14, 2005

abito in una piccola casa piena di piccole cose

ammiro le personne che parlano molte lingue, ma specialmente le personne che hanno imparato cola esperienza. quello é veramente il modo piú puro e che ci fa sapere tante piccole belle cose in una lingua che solo se possono imparare cosi.

sapete, amici miei, che a volte ho tanta voglia di parlare in italiano, ma é cosi triste... perché non ho con cui parlare. vorrei tantissimo avere un amico bello e semplice, che sia sempre vicino a me, parlando qualsiasi lingua. ci sono cose che sono piú belle quando sentite in una certa lingua...sembra strano ma é cosi il nostro mondo.

quando non riesco piu a soppravivere senza avere una buona conversazione in italiano, leggo i libri in italiano. mi fanno ricordare i miei amici, e i miei pensirei... forse per voi, non sono piu che una povera pazza, ma io penso che non ci sono cose piu belle da sentire che "oh, piccolo principe, ho capito poco a poco la tua piccola vita malincolica", oppure semplicemente " se tu vieni, per esempio, tutti i pomeriggi alle quattro, dalle tre io cominceró ad essere felice"

vi ringrazio tanto, paolo, francesco, giorgio, rasty, andrea, antonio, fabrizio, paolino e enzo, per mi avere insegnato questa bella lingua, compresso le parole cattive, i dialetti, le espressione, la musicalitá... e anche a te, paolino di perugia, per mi avere fatto leggere ''il piccolo principe''

Monday, June 13, 2005

nada

este corpo está oco
sem alma
e o coração - louco!
não acalma

as mãos brancas, doentes
sem tacto
a boca cerrada, com os dentes
fez pacto

o cabelo de ouro não cintila e não é bonito!
e a voz que era doce hoje morre num grito ...
e a pastora, a poeta, a sereia
já não são árvore, nem palavra, nem areia

e o amor.

ao homem e poeta Eugénio de Andrade

Sunday, June 12, 2005

fora de alcance

crio-te e recrio-te em carvão e papel
desenho os teus olhos e pinto-os de mel
reinvento o teu cabelo, moldo a tua face
e não te alcanço, por mil linhas que trace

procuro-te em sonho e em pensamento
e quero conhecer cada teu movimento
e espero e acredito (nem sei por que razão!)
mas só a mim me encontro, sou a solidão.

Friday, June 10, 2005

sogni

Serenata à luz da vida, carne enfraquecida
Meu coração montou o palco para receber a minha diva
Amor em estreia, canta para mim sereia
Espalha por mim essa mística fragrância duma estrela
Tu és mulher, mulher de palavra e meia
Não és capaz de te escravizar por uma algibeira cheia
Não és como essas cadelas que qualquer homem prende na trela
Não precisas de mostrar o corpo a tua alma é mais bela
Pintura sem tutela, desejada por qualquer tela
Tenho o meu coração em branco à espera da tua chancela
Ele coroa-te rainha, agora chama-me para ser rei
No meu peito ele bate veloz como Cassus Clay
Não há lei, sentimento preso já o libertei
Se tu és mulher, nenhum homem pode ser gay
Exibes-te no interior para ti vestuário é secundário
O teu cérebro é insaciável porque o saber é prioritário
Por ti sinto amor platónico que nem Platão imaginou
Diva, mulher que deus amou

É um coração que traz palavras para embarcar no flow
É uma mente que fala e já sabe para onde eu vou
Amor que nasce cresce, alma rejuvenesce
Descobri a minha vida, mulher que Deus amou tu és

Só falo de amor, não falo do teu rosto nem desses peitos que encantam
Não é acerca do teu físico porque olhos não amam
Eu falo de um coração que sente, quando ama não mente
Amor ninguém compreende... é transcendente
Durões dizem que não amam porque é sinal de fragilidade
Mas eles são os mais frágeis porque não têm a outra metade
Alimento-me deste sentimento nos 7 dias da semana
E todas as semanas vou aumentando kilogramas
Momma tu és irreal, intangível como um holograma
O cúmulo da utopia de qualquer fêmea humana
O que sinto é amor, e desta vez não me engano
Não preciso do meu pénis teso para dizer que te amo
Não preciso de estar carente para querer o teu abraço
Não preciso de te penetrar para chegar ao clímax
Só preciso de estar contigo, conversar contigo o amor é estranho
Orgasmo mental espontâneo
Só preciso de estar contigo...o amor é estranho
Lá vou eu ejaculando espermatozóides no crânio

...porque partilhar é a maior forma de amar alguém, e porque o amor pelas pessoas está embebido na matéria da minha vida, partilho convosco estas palavras - aposto que quem as escreveu também as queria partilhar com pessoas verdadeiras e dá-las a ouvir a este estranho mundo ... "é amor em forma de rimas !"
Peace & Love

para ouvir : Valete - Mulher que deus amou

Tuesday, June 07, 2005

ás vezes sou divindade

gosto de tomar banho. não por causa do cheiro do champô mentiroso que diz ser feito de frutas e flores quando é feito de químicos difíceis de nomear. nem por causa do gel de duche que me promete uma pele macia e saudável mas só serve para tirar a sujidade. o meu cabelo não precisa de frutas nem flores, porque ele já é natureza. e a minha pele já é mais macia que a de um golfinho, obrigada. sol, vento e água salgada chegam para tratar de mim.

gosto de tomar banho, mas não porque saio da banheira a cheirar bem e com ar lavadinho. não é quando saio do banho que cheiro bem. cheiro bem quando transpiro e quando como, cheiro bem quando canto e quando escrevo. cheiro bem quando rio ou choro, e penso ou olho. e um ar lavadinho a mim não me convence, prefiro um ar real, seja ele lavado ou sujo. um ar pessoal, um ar de pessoa verdadeira...nada mais encantador.

gosto de tomar banho porque gosto da água. gosto de senti-la a cair sobre a minha cabeça e a deslizar pelos meus ombros e a fazer remoinhos no meu umbigo. gosto de senti-la em abundância ou só num fio, e de senti-la quente demais, tépida ou gelada. a textura dela é tão sublime que me faz sentir uma deusa, idolatrada por milhões de gotinhas- todas diferentes mas todas puras como o meu corpo que é perfeição.

o meu cabelo, que cá fora são raios de sol e espigas de trigo ondulantes, na banheira transforma-se num manto indivisível e infinito, com a textura da seda e o brilho do ouro. e as gotas de água, que me adoram porque sou deusa, entram no meu manto difusas e caóticas e saem dele em forma dum fio de água interminável, perfeito e uniforme.

a minha pele de pêssego e pétalas, quando participa no ritual do banho, torna-se num campo magnetico que para si tudo atrai, e transforma-se no leito de mil rios e em terra fértil e feliz da chuva. as gotas de água são peregrinos que percorrem a terra santa do meu corpo de deusa de marfim, e fazem fila e juntam-se em grupos, para visitarem cada recanto da minha sagrada natureza, para me prestarem culto e sentirem a minha mística.

gosto de tomar banho porque sou a musa inspiradora desse elemento completo que é a água, porque sou divindade idolatrada, porque me sinto perfeita e sou-o mesmo, durante aqueles momentos em que estou na banheira.

saio cá para fora e não mais sou deusa... sou muito mais que isso, sou natureza.

Freedom