Wednesday, August 31, 2005

boatos



há quem diga
que eu escrevo bem
eu, sem querer briga
respondo também

e digo:

eu não escrevo, eu penso bem!
que escrever sem pensar
é como nascer sem ter mãe!

Friday, August 26, 2005

amanhã



mas amanhã de manhã vou-me embora...
não vai dar tempo para outro olhar límpido, nem para outro passeio libertador ao teu lado.
amanhã vou partir, e não mais me vais ver por cá. vou estar na outra margem, vou pertencer a outra tribo, vou ter uma outra vida. e tu não vais ser parte dela -- assim como não fazes parte desta! (infelizmente...)

amanhã o sol vai nascer violeta, e as nuvens vão ter forma de orquídeas. amanhã tudo vai ser novo, e os meus olhos ter mais alcance porque o ar vai ser mais puro -- é que tu não vais estar lá, e a tua presença é um nevoeiro que me cega...

sim, amanhã é o dia. é amanhã que a mordaça que és me vai deixar falar, é amanhã que a liberdade que sempre me tentaste (em vão) dar se vai materializar, é amanhã que a minha vida vai outra vez mudar. e é amanhã que vou perder de vez o teu olhar... que me traz aos pulmões o ar, que me dá palavras para rimar, que me inspira e me faz criar.

é amanhã que vou largar a ilusão de que tu sequer pensas em mim... e vai-me custar.

Thursday, August 25, 2005

quando?

quando eu cago, sinto-me feliz!
( mas eixstem coisas que a ninguém se diz!)
e eu cago nos parêntesis, e assim canto
e digo que cagar a ninguém causa pranto

e aparecem velhas, e homens cinzentos
e a polícia pede-me os meus documentos
e eu não entendo, qual é essa razão
que faz tabu dum natural cagalhão!

que cagar faz-nos bem, e é prazer
tão real como comer, dormir e escrever!
e eu por dia cago uns seis ou sete
mas não cago nas pessoas, eu cago na retrete!

(ao contrário das velhas, dos homens e da polícia, que do cagar não falam , mas cagam com malícia!)


som: fabulous disaster - rich bitches in volvos piss me off

Monday, August 22, 2005

a casualidade dos acontecimentos

...e foi áquela primeira vez
que se seguiram tantas -- 82, quarenta e três
(foram demasiadas, talvez!)
e como na primeira conversa,
chegaste e deixáste-me a mente dispersa
(coração aberto, alma submersa...)

as nossas palavras ecoáram nas paredes do universo
por serem tão claras, tão sentidas , esclarecidas...
entendi o teu o teu olhar, tansformei-o num verso
entreguei-me em corpo, em alma, em frases despidas...

os dias em nós eram infindáveis,
nossos diálogos, intermináveis!
nós fazíamos coisas inalcançáveis
pelas pessoas comuns.

...e tu eras um bosque que eu queria trilhar,
e eras uma onda que não me bastava contemplar
e há em mim ainda tanto que te quero mostrar...

mas a tua mão já não está cá, nem o teu tempo, nem o teu olhar.



som: the doors - the end

Wednesday, August 17, 2005

chaotic balance

one wasn't enough, it had to be two
'cause t'was boring, too short'a woo
so the three of us here on this windy beach sit
attempting another time to scribe with some wit

starting with jo, ask her anything : she'll know
followed by lee - is he a man or a tree?
then comes inês, the new brighton-ês
to spice & salt this written malt

so just answer a question: does this make any sense?
or is it just random drivvel, in a rethorical tense
i'd say blame it on those three awoken minds
don't try to identify meanings - no one ever finds!

and so it comes to an eventful end,
to go eat ice cream and find another poetic friend!

este poema foi escrito pela minha irmã. pelo lee e por mim

happy life pains

with soaring pains the mind remains
but joyful times our soul retains
that is if the weakened body refrains
from bitter, sorrow, overwhelming complaints

to seek and find one million roads,
is nothing abnornal, or poetic, it's old
it's finding only one that shows the bold
and for those only, true dreams will unfold

so is this the last stanza that has fallen to me
too seek and find what i cannot see:
that it all goes down to just being free
and happy, hap-py, happy happy, hap-py

este poema foi escrito hoje pela minha irmã, pelo lee, e por mim

verão a quatro

no resquício da manhã
acalentavam-se os corpos de verão
olhos de figo, faces de romã
uns na água, outors no chão
abraçando docemente a areia irmã
ou beijando com fé o mar irmão

o sol ascendia, qual rei absoluto
e aquilo que era alvo, vestiu-se de luto
e foi com enorme, pesado penar
que se sentiu toda a pele arregaçar
homens fugiam, mulheres gemiam
sábias crianças seus corpos cobriam
subitamente, a divina providencia
trouxe protectoras nuvens de clemência
e o povo levantou-se, e proclamou-se todo igual
pois não haviam raças - eram todos vermelhos afinal!


este poema foi escrito pela minha irmã e por mim, hoje, na praia do guincho

Friday, August 12, 2005

9 ilhas

ilha perdida (a que eu perdi!)
envolta em neblina
hoje quase te vi

mas logo fugiste (veloz que és!)
e eu não te toquei
nem maõs nem pés

há ilhas que correm
...não vêm nos mapas!
há homens que morrem
por se esconderem em capas

e existem os beijos salgados e insulares,
que ficam e duram...quais ilhas em mares!


som: Lauryn Hill - When it hurts so bad