fotografia
a janela ao meu lado emoldura um carro, árvores e uma escola. gostava que te emoldurasse antes a ti, queria saber como estás hoje, meu amor. olho lá para fora e não te vejo, mas imagino-te. fico aqui sozinha, a magicar com a minha janela que é moldura. pergunto-me para que lado esvoaçam as ondas do teu cabelo hoje. tento adivinhar que brilho e que reflexos hoje darão cor aos teus olhos. imagino de que tom está a tua alma - se prateada, transparente, verde ou azul. lembro-me que mais logo talvez esteja cor de fogo. e o teu corpo? - que temperatura, que cheiro, que textura terá ele hoje... espreito mais além, através da minha moldura, mas não vejo mais que a fotografia de sempre.queria tanto poder ir visitar-te hoje, ao entardecer, já que tu não passas por aqui, por esta janela ansiosa. mas o tempo tarda, e não me deixa ser livre (só por hoje!), e a janela chora, e emoldura-me a mim. sou a fotografia de uma amante que espera ou de uma amiga impaciente. quando despontar a aurora, nesse precioso amanhã que insiste em demorar, eu sairei desta janela e a janela não será moldura nunca mais.
amanhã, já desemoldurada, visitar-te-ei, á hora que me apetecer, e fico contigo até não conseguir ver nada, meu amor, até ser impossível continuar a deslizar nas ondas do teu cabelo. amanhã é o nosso dia, e nada nem ninguém me vai separar de ti, ó mar.
som : Morcheeba-The Sea
1 Comments:
gostei muito de espreitar pela tua janela que é moldura..*
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